Versiculo Biblico

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Estudo liga emissões de aeronaves a mortes prematuras em todo o mundo

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Foto: Bruno Rodrigues

Em 2004, a Organização Mundial da Saúde estimou em um milhão o número de mortes por ano causadas pela poluição do ar. Outros estudos também ligaram a sujeira que respiramos ao crescimento de doenças cardiovasculares e respiratórias. Por ser repleta de substâncias químicas (tanto naturais, quanto derivadas da ação humana), a atmosfera se torna um ambiente propicio para combinações que podem causar sérios danos à saúde humana.
Agora, um novo dado surge para reforçar essa questão; segundo uma pesquisa publicada em setembro pela revista Environmental Science and Technology, as emissões causadas pelo setor de aviação são responsáveis pelo agravamento dos problemas de saúde relacionados à poluição do ar.

Desenvolvido por pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e da Universidade de Cambridge, o estudo sugere que aviões que sobrevoam a uma altitude de 35 mil pés (11 km) emitem gases poluentes responsáveis pela morte prematura de oito mil pessoas ano, globalmente. As aeronaves liberam poluentes como óxidos de azoto (NOx) e óxidos de enxofre (SOx), que reagem com partículas já existentes na atmosfera e formam substâncias altamente nocivas.
A regulamentação atual para as emissões mundiais de aeronaves é aplicada apenas em vôos de até três mil pés. Isso porque os órgãos reguladores assumem que nada emitido acima disso fica depositado na parte da atmosfera que contem ar leve, ou seja, os poluentes não chegariam ao chão.
Assim, mesmo sabendo que 90% do combustível dos aviões são queimados em altitude de cruzeiro, apenas os poluentes emitidos durante a decolagem e pouso são regulamentados pela medição das emissões durante os testes oficiais.
“Qualquer coisa acima disso [altitude] realmente não é regulamentada, e o objetivo desta pesquisa foi determinar se isso era realmente justificável”, diz o autor do estudo, Steven Barrett, o professor assistente de Aeronáutica e Astronáutica do Charles Stark Draper, e astronauta do departamento de Aeronáutica e Astronáutica do MIT.
Metodologia
Para medir os efeitos das emissões de cada vôo, Barrett utilizou um modelo de computador que combinou dados sobre as trajetórias de avião, a quantidade de combustível queimado durante os voos e as emissões estimadas a partir desses voos.
Depois, o pesquisador combinou esses dados com um modelo atmosférico global que representa a circulação de ar padrão em diferentes partes do planeta e os efeitos das emissões para determinar onde elas podem causar um aumento de materiais particulados.
Por fim, ele usou os dados relativos à densidade populacional e risco de doenças em diferentes partes do mundo para determinar como a mudança de partículas de certas regiões pode afetar as pessoas em terra – especificamente se os poluentes do ar levariam a um aumento do risco de morte.
Os resultados revelaram que a poluição causada pelos aviões que sobrevoam a América do Norte e a Europa (locais onde o tráfego aéreo é mais intenso) impacta negativamente a qualidade do ar na Índia e na China. Embora a quantidade de combustível queimado pelos aviões desses dois países responda a apenas 10% do montante global, eles possuem quase metade das mortes anuais (cerca de 3.500) relacionadas às emissões de viagens de aeronave.
Isso acontece devido aos ventos que sopram para o leste e arrastam esses poluentes para esses dois países. Lá, os compostos químicos presentes na poluição reagem com a amônia, presente em alta concentração na atmosfera graças à agricultura desenvolvida nesses locais, e formam substâncias tóxicas que são inaladas por pessoas na terra.
Repercussão
Financiado pelos Conselhos de Pesquisa do Reino Unido com a ajuda do Departamento de Transportes dos EUA, o estudo recomenda que as emissões dos aviões sejam “explicitamente consideradas” pelos formuladores de políticas internacionais que regulam a aviação.
Lourdes Maurício, principal conselheira científica e técnica de meio ambiente da Administração Federal de Aviação dos EUA, se comprometeu a trabalhar em conjunto com a Agência de Proteção Ambiental e a Organização Internacional de Aviação Civil para considerar uma ação de regulamentação adequada caso a agência confirme os resultados de Barrett através de investigações adicionais.
O debate sobre as emissões de gases tóxicos pela aviação tem ganhado força nos últimos anos. Há poucos meses, as Organizações das Nações Unidas (ONU) afirmaram que 2% de todas as emissões humanas de gases poluentes são provenientes de aviões.

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